quinta-feira, 1 de novembro de 2012

O SENHOR DAS ÁGUAS - UNIDADE XI - CAPÍTULO 6 - PARTE 8


– O quê?!...

– Ele conhece muita gente importante. Trata-se de um jornalista engajado...

– Engajado em quê?

– Em produzir notícias. Nós precisamos de informação; então nós vamos contar a ele mais ou menos o que está acontecendo pra conseguir essas informações... Tá entendendo, Felipe? Acho que sim, afinal você era um S2...

– É... – retrucou Felipe com ânimo renovado. – Vamos ver o que esse tal de Sérgio Tavares tem pra nos contar sobre a Sweetwaters...

– Não só sobre a Sweetwaters, mas talvez sobre o próprio Senhor das Águas...

– Mas então você sabe quem é ele?

– Claro que não. É apenas um palpite. Não tenho nenhuma prova...

– Quem é o sacana, Mouzon? Fala!

– Calma, Felipe! Se você não puder me ajudar, é preferível ficar de longe pra não atrapalhar...

– Tá bom... Você tem razão...

– Não sei se é um bom negócio botar você nisso, sabe...

– Não, Mouzon... Eu sou treinado pra isso...

– Assim é que se fala! Lembre-se, se você pisar na bola nós estamos fo-di-dos!

– Pode confiar em mim. Quem é o cara?

– Ildebrando Seixas ou Osumi Tanaka – retrucou Mouzon reticente. – Arroz com feijão. Batman e Robin. Romeu e Julieta. Tonico e Tinoco...

– É bem possível, Mouzon – tornou Felipe depois de raciocinar um tempo. – O patife do Amarilla deve mesmo trabalhar pra eles...

– Percebe? O apagador de incêndios no PAÍS DAS ÁGUAS. Um, o poderoso rizicultor estabelecido ilegalmente na reserva, dono do céu e da terra em Roraima, o outro o exportador, o sócio...

– E a prova disto é que o Amarilla tinha um crachá da empresa do japonês!

 – Um dos dois deve ser o tal do A2, que enviou a mensagem pro Celso Pontes, o outro o próprio “Boss”.

– Peraí, Mouzon... – atalhou mais uma vez Felipe depois de reconsiderar. – Se nós dermos o serviço pro jornalista, ele vai entrar de sola na Sweetwaters, aí as letrinhas vão ficar alvoroçadas e as nossas pistas, ó...

– Que porra de letrinhas são essas?

– A1, A2, A3, os membros da hierarquia.

– Mas é exatamente isso que eu quero!

– É?

– Claro, Felipe! Veja bem. Celso Pontes e Wirna Schwarschlegell vão entrar em contato com seus superiores. Com todos estes indícios a nosso favor, dá pra solicitar à justiça de Roraima uma escuta telefônica na casa de Ildebrando Seixas. Aí, meu amigo, nós o pegamos!

– É, Mouzon... Você é mesmo um sujeito supimpa, sabia? 

– Muito obrigado, “Tenente Corrientes”...

– Tenente é o caralho!

– Tome o meu cartão, “Oficial”, para o caso de você ter dificuldades de encontrar o cara...

– Não precisa, “papai”... – replicou Felipe, num misto de jocosidade, orgulho e ironia. – A minha carteira também é quente, “meu”...

– Você está me sacaneando só porque eu sou paulistano?

– Não... – disse Felipe voltando a sorrir. – Sabe de uma coisa, Mouzon? Nós dois formamos uma excelente dupla, não acha?

– Acho. Agora vamos àquele chopinho, por favor. Estou com muita sede, “parce’ro”...

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