domingo, 4 de novembro de 2012

O SENHOR DAS ÁGUAS - UNIDADE XI - CAPÍTULO 7 - PARTE 1


Naquele mesmo dia, na parte da tarde, Felipe Corrientes saiu de seu hotel com destino à sede do jornal Folha da Tarde, entretanto, como era natural em situações como essas, não o encontrou de prima.

Mostrou sua carteira de identidade militar e pediu que o jornalista entrasse em contato o mais rápido possível, mas acabou se lembrando que acabara de jogar o seu celular fora. Não tinha importância. Deu o endereço e o nome do hotel onde estava hospedado, bem como o número do seu apartamento, e deixou o jornal. 

Ficou circulando pelo Centro velho da cidade, admirando algumas belezas arquitetônicas que ainda estavam de pé, a despeito da má conservação de muitos dos monumentos históricos da cidade do Rio de Janeiro, e foi parar na Praça da Cruz Vermelha, onde uma multidão se aboletava diante do Hospital do Câncer, tendo como vizinho, do outro lado da Praça, a sede da Cruz Vermelha no Brasil, outro prédio antigo caindo aos pedaços.

Sentou-se num dos banquinhos da praça e, juntamente com mendigos, desocupados, outros suspeitos em geral, e pacientes e acompanhantes do hospital do câncer, pôs-se a observar a chusma de pessoas que circulava pelo local, cada qual com suas esquisitices peculiares. Observou também o trânsito caótico das ruas próximas, e as barbaridades que os motoristas faziam, utilizando-se dos veículos para extravasar seus desvios psíquicos, e de como essas pessoas, ignorando sua doença social, faziam manobras absurdas com toda a impunidade dos agentes da lei, se convencendo de vez que a situação do Rio de Janeiro beirava mesmo a insanidade absoluta.
 
        Qual seria o remédio para esse tipo de situação limite? Perguntava-se Felipe Corrientes. Ele teve dificuldades para chegar a um diagnóstico preciso; talvez nem mesmo os médicos, que trabalhavam ali defronte, soubessem; mas intuiu, muito acertadamente, que a receita, qualquer que fosse, seria bastante amarga para a população desvairada, apressada e aflita, que parecia carregar um parasita não identificado...

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