quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

O SENHOR DAS ÁGUAS - UNIDADE XII - CAPÍTULO 1 - PARTE III


– Vou perguntar, Lourdes... E ao Tanaka também... Ele está aqui em Boa Vista?

– Acho que sim...

Tudo isso entre uma gansada e outra.

– Você tem o telefone dele?

– Eu?! Porque eu teria o telefone dele, Brando?!

– Não sei. A sua filha deve ter...

– Não se faça de bobo, Brando!

– Eu não me lembro do telefone agora, bolas!

Mas Maria de Lourdes não ouvira mais nada, porque fora atender a uma das criadas que a solicitara...

Voltando logo em seguida...

E comunicando ao marido:

– Brando... – ouviu um “o que é?” meio rouco. – Tem um moço aí querendo falar com você com urgência... Ele pergunta se você pode recebê-lo agora...

– Um moço?! Que moço, Lourdes?!

– Tenória me disse que ele é da polícia...

– E o que a polícia quer aqui, Lourdes?!

– É melhor receber o rapaz pra saber, Ildebrando!

– Hã?!... – neste momento os gansos chiaram uns com os outros, uma algazarra somente tolerada porque os animais eram realmente muito queridos do grande latifundiário. – Não!... – Lourdes ficou sem saber se a negativa correspondia a sua solicitação ou aos gansos, o que era mais provável, pois eles ameaçavam partir para cima do seu dono, excitados ao extremo neste momento. – Diga que eu não estou...

– O quêêêê? – berrou Lourdes que não entendera.

– Diga que eu não estou, Lourdes!

– Tarde demais, meu amor. Tenória já disse que você estava em casa...

– Que caboclinha estúpida, meu Deus! – esbravejou Ildebrando como que pensando alto.

– O quêêêê?!

– Nada, Lourdes!... Deixe qu’eu vou receber o rapaz... – disse Ildebrando largando os gansos. – Vou tomar um banho antes... – completou, batendo as mãos. Pó de ração esvoejou para todos os lados. – Mande-o esperar, sim?

– Sim senhor, Senhor Ildebrando Seixas – retrucou Maria de Lourdes com uma ironia fanfarrona.

Depois de um banhozinho básico...
 
          Ildebrando Seixas recebeu Paranhos em seu gabinete de trabalho...