quinta-feira, 26 de abril de 2012

O SENHOR DAS ÁGUAS - UNIDADE IX - CAPÍTULO 2 (CONTINUAÇÃO)

        – Não foi difícil encontrar a sua foto nas fichas da Interpol... – o traficante começou a comer, visivelmente contrariado. – Aliás, encontramos as várias faces de Nestor Amarilla, cidadão venezuelano. Procurado por tráfico de drogas internacional, sequestro... que mais? Nos Estados Unidos o senhor é procurado pelo assassinato de dois homens do FBI. O Senhor é bem popular, hem, seu Amarilla? Há mandatos contra o senhor em El Salvador, Colômbia, Argentina, Espanha, França... Onde mais?

– O senhor esqueceu-se de mencionar o Caribe, delegado – volveu Amarilla com frieza, recuperando-se.

– É mesmo! Você costumava se esconder por lá depois de grandes ações internacionais... Só que ao invés de ficar bonitinho lá, curtindo as belezas naturais, o seu profissionalismo é tão acentuado que você foi se envolver com os traficantes do Haiti e da Jamaica...

– Eles não têm muita competência pra gerir os seus negócios por lá, delegado...

– Claro, eu entendo. Aí você deu uma mãozinha, né?... Como pode ver, meu caro Amarilla, o senhor não pôde se esconder por muito tempo...

– Eu continuo esperando pelo meu advogado, delegado.

– OK... Eu soube que ele está chegando... Ouça... Está virando no corredor neste momento...

– O Senhor está brincando com fuego, delegado Mouzon...

– Eu vou te dizer quem está brincando com quem, seu filho da puta!... Você vai apodrecer numa penitenciária federal... Ou pode ser que te mandemos pros Estados Unidos... Ou o senhor tem alguma outra preferência?

– Que tal o Rio de Janeiro?

– Ah! É você quem fornece cocaína pros morros cariocas?... Ia se sentir em casa com a bandidagem da Cidade Maravilhosa, seu merda nojento!...

terça-feira, 24 de abril de 2012

O SENHOR DAS ÁGUAS - UNIDADE IX - CAPÍTULO 2


Horas depois voltou Mouzon...

Trazia uma quentinha para entregar ao prisioneiro, que não comera nada desde que chegara à sede da Polícia Federal de Boa Vista.

Mouzon entrou na sala com o mesmo espírito que saíra horas atrás, porém imbuído dum espírito mais galhofeiro, disposto a brincar com o prisioneiro, do mesmo jeito que o tal Castro, ou Salas, tentava brincar com ele, desgastando-o emocionalmente.

– Trouxe algo pra você comer, Salas... – o Comandante pegou a quentinha com certa desconfiança. – Experimente. Está muito bom. Não quero que depois você diga ao seu advogado que morreu de fome nas dependências da Polícia Federal.

Salas abriu a embalagem prateada flexível, olhando seu conteúdo, mas não manifestou qualquer emoção visível.

– A comida é muito boa... É de um restaurante aqui do lado... Muito melhor que a da penitenciária de segurança máxima aonde o senhor irá daqui a uns meses...

Castro não se alterou. Ele ia abrindo aquele mesmo sorriso debochado, quando foi provocado por Mouzon:

– A propósito, “Señor Amarilla”... Este é o seu nome verdadeiro, não é?
         Castro, ou Salas, ou talvez Amarilla, perdeu o bom humor no ato...

quinta-feira, 19 de abril de 2012

O SENHOR DAS ÁGUAS - UNIDADE IX - CAPÍTULO 1 (CONTINUAÇÃO)


– Eu ainda não vi meu advogado, delegado – retrucou Salas num português correto, mas com sotaque carregado.

– O senhor o verá, assim que responder a algumas perguntas...

– Jamais pensei em desprezar sua inteligência, delegado – volveu o espião com desdém. – Peró, o que está além de mim é inatingível para ustedes...

– O senhor, por um acaso, é amigo de Ildebrando Seixas?

Mais uma vez Mouzon quebrara o cinismo do traficante.

– Eu diria que muito mais do que isso, não é mesmo, Senhor Castro? O Senhor, isto é uma suposição, com bastante lógica, admito, mas é. Mas você talvez seja o homem de ligação entre as drogas que passam pela fronteira da Venezuela, entram no Brasil, abastecem o mercado interno, e o excedente é despachado para o exterior via Miko...

Castro/Salas riu.

– Ria, “Comandante”. Enquanto seu “abogado” não vem o senhor tem todo o direito de permanecer calado... Talvez esta história toda não passe de fachada para um negócio muito maior, como o senhor mesmo deixou entrever... Resta apenas para eu investigar qual é a participação, se participação há, de Ildebrando Seixas e Tanaka Osumi neste negócio... Fique à vontade, “Comandante”. O Senhor quer comer alguma coisa?  Talvez uma dose de uísque?... Vamos ver o que há no nosso estoque de corrupção daqui. Já volto...

Mouzon saiu novamente.

Salas/Castro manteve-se impassível.

– E aí? – perguntou-lhe Moffato.

– Vamos falar com Paranhos...

– Que que foi?

– Primeiro vamos consultar a Interpol, depois, se pudermos, o FBI...

– O que você conseguiu tirar dele? – perguntou Moffato com uma ponta de entusiasmo.

Mouzon sorriu antes de dizer:

– Absolutamente nada – Moffato abriu os braços. – Esse cara é quente, não resta a menor dúvida. Estamos na pista certa. Mas também temos que levantar a ficha completa do japonês e do rizicultor, embora eu acredite que eles são peças de manipulação neste jogo...

– Que jogo?

– Espionagem em alto grau...

– Espionagem industrial?

– Não! – exclamou o delegado com veemência. – Coisa muito mais séria...

– Mas o que, homem?!

Giuliano Mouzon recusou-se a liberar o conteúdo do seu pensamento.

Moffato ficou parado no meio do corredor, encafifado. Ele também possuía certas informações que não compartilhara com o companheiro.

terça-feira, 17 de abril de 2012

O SENHOR DAS ÁGUAS - UNIDADE IX - CAPÍTULO 1


       Andou até o bebedouro apertando seu copinho de plástico, fazendo “crac-crac” para se distrair, mas de maneira suave, para não danificar o produto, o que não conseguiu, porém...

       Jogou fora o brinquedo...

Pegou outro em pé, em frente ao bebedouro, e antes de encher o copo de novo, continuou com o “crac-crac” irritante, ininterruptamente, divertindo-se sozinho, como uma criança inquieta, e divertindo, por conseguinte, um seu colega que passava por ali naquele exato instante...

Este fez um comentário sui generis, mas ele não deu nenhuma importância, cessando o “crac-crac” eterno.

 Encheu o copinho com água natural, que ele não sabia se de fonte segura ou não, ainda mais depois da tempestade de ontem, quando metade de Boa Vista ficara alagada com a chuva torrencial.

Sorveu metade do conteúdo e parou pensativo.

Nisto, Moffato saiu da sala onde eles interrogavam o tal do “Comandante Salas”, e disse para Mouzon:

– Ó... O cara é um profissional, sem dúvida nenhuma. O nome que consta no documento da Miko é falso, mas o documento é verdadeiro. Nos escritórios de Boa Vista e Manaus ele é bem conhecido, mas os funcionários dizem que ele não pertence à firma propriamente dita, é mais um contato do dono, o tal do Tanaka, com alguém de fora; uma espécie de intermediário nos negócios de exportação.

Mouzon continuou mudo; o “crac-crac” recomeçou, mas Moffato não deu importância ao ruído.

Mouzon entrou na sala de interrogatório pela segunda vez...

Crac-crac, crac-crac, crac-crac...

O Comandante Salas ergueu a vista para ele e esboçou um sorriso débil, significando talvez o desprezo que sentia...

Mouzon esmigalhou o copinho com uma das mãos...

Amadeo Castro ficou sério, percebendo a natureza daquele gesto simbólico.

– Bem, “Comandante”... – Mouzon pronunciou a última palavra com sotaque espanhol. – Tudo bem que o senhor não queira colaborar conosco... – Castro permaneceu em silêncio, desta vez sem olhar Mouzon diretamente. – Eu tenho todo o tempo do mundo... Mas você não... Outra coisa: nós sabemos que você entende perfeitamente o português, porque você “trabalha” aqui no Brasil direto... Eu até admito que você conheça muito pouco o tal Tanaka Osumi, mas, por outro lado, deve ser bem chegado a alguém que está em contato com o japonês o tempo todo... – Salas, ou Castro, mantinha-se impassível, como se não estivesse entendendo o que Mouzon falava. – Quem sabe alguém do ramo de plantação de arroz... – o palpite fora certeiro, pois Salas/Castro tornou-se sério subitamente. – O senhor talvez seja muito bem treinado, “Comandante Salas”. Eu me pergunto aonde foi feito este treinamento, uma vez que não existem muitos lugares no mundo onde o senhor possa ter adquirido tal bagagem, mas não pense que nós somos idiotas, tá?... Mais cedo ou mais tarde nós vamos acabar descobrindo seus planos, ou, o que eu acho mais adequado, os planos dos seus chefes...

quinta-feira, 12 de abril de 2012

O SENHOR DAS ÁGUAS - UNIDADE VIII - CAPÍTULO 6 (CONTINUAÇÃO)


– Talvez?

Ela voltou a sorrir, escarnecendo sutilmente, então arrematou:

– Agora você está... Mas em breve não estará mais...

– Mas que porra de enigma é esse, caralho?! Você... se julga tão misteriosa, né... No entanto...

– Não importa o que você pensa em relação a mim. Você está errado. Pode ter certeza. A sua vida depende da minha, e a minha, por outro lado, depende muito menos da sua que ambos gostaríamos...

– Que negócio é esse, Celha?! Para de falar por parábolas, porra! Se o Paglia vai mesmo ordenar que eu vá...

– Amanhã, depois da alvorada...

– Alvorada? Mas já amanheceu há muito tempo...

– Amanhã... Ah, Felipe... – Celha rolou para perto dele, perigosamente para alguém comprometido, casado, e mesmo com uma ou duas testemunhas militares presentes, porém se afastou assim que percebeu que o parceiro não reagiu à aproximação. – Você gosta mesmo de mim?

Felipe perdeu a cor, embora se mantivesse absolutamente passivo, propenso a tudo. Porém o silêncio valia como uma confirmação de tudo aquilo que as bocas calaram.

Celha afastou-se ainda mais, virando-se de costas para o amigo, como numa cena teatral, onde ambos os atores seguem à risca a rubrica do autor, que diz: “Não se aproximem nesta cena final”...

E para dar maior suspense ainda:

– Nós precisamos descansar, Felipe – volveu ela, expressão profundamente contraída. – Colocar nossas idéias em ordem...

– Eu também acho Celha...

– Mas você vai pra Boa Vista sem falta...

Celha fechou os olhos como morta; uma defunta que Felipe admirava muito mais do que percebia, ou queria admitir.

Ele ficou ali, observando-a intrigado, mastigando porquês, sem desconfiar que nunca mais a veria de novo...

E que sua profecia se cumpriria à risca... (continua terça)

terça-feira, 10 de abril de 2012

O SENHOR DAS ÁGUAS - UNIDADE VIII CAPÍTULO 6 (CONTINUAÇÃO)


Esta que era a Era do Cinismo Universal, talvez não deixasse muitos sobreviventes depois que a onda de purificação passasse pela Terra sôfrega de justiça...

Este pensamento perpassou e mente de Felipe, quando, já cochilando ele também, foi despertado por uma advertência muito séria por parte de Celha Regina: 

– Presta muita atenção ao que vou te dizer, Felipe – sussurrou ela, embora o barulho dos rotores impedisse mesmo que qualquer daqueles soldados escutassem o que ela iria dizer...

– Você deve ir para Boa Vista e entregar o relatório pessoalmente ao General Barreiros – arrematou ela...

– Você ficou louca?! Como eu vou passar por cima do...

– Ele vai mandar você pra lá, Felipe! Ouve o que eu estou te dizendo...

– Caralho, Celha! O que é você? Uma bruxa, por acaso?!

– Nem uma coisa nem outra, mas posso prever com 100% de precisão o que vai acontecer neste caso. Você irá pra Boa Vista amanhã, e quando isso acontecer, não olha pra trás...

– Mas porque você está me dizendo isso, porra?!

– Chiu!... Tudo isso que nós vivemos aqui hoje... não te diz nada?

– Há muito tempo eu vejo por trás deste véu de poeira que nos cobre. Tudo o que nós estamos vivenciando... Eu não acredito mais nesta civilização, Celha...

– Presta atenção, Fê. Esta civilização, o que nos resta dela, o que ela nos legou, o que nos liga a ela, ou nos afasta, tem uma razão de ser...

– Isto eu sei muito bem...

– Espera. Ouve. Há muito mais por trás das cortinas deste teatro bufo...

– Eu sei!

– Não sabe da missa a metade – retrucou Celha, sorrindo com algum escárnio, mas não em relação a Felipe, e sim da situação mentirosa que as pessoas julgam conhecer e não desconfiam sequer um cadinho. – Se você soubesse realmente, talvez estivesse do meu lado... (CONTINUA NA QUINTA)

quinta-feira, 5 de abril de 2012

O SENHOR DAS ÁGUAS - UNIDADE VIII - CAPÍTULO 6


Um helicóptero veio buscar os heróis da missão suicida...

Não obstante, uma advertência administrativa, pelo menos, esperava por Celha Regina e Felipe Corrientes, embora, provavelmente, um inquérito militar tivesse lugar, uma vez que aquela missão não poderia ter sido descoberta por canais oficiais, mesmo que o descumprido se devesse ao fato de se tentar salvar as vidas de dois oficiais militares com boa ficha de serviços prestados...

Ao aceitaram o serviço voluntário, ambos tinham plena consciência das possibilidades de desfecho, favoráveis ou não...

Mas Celha mantinha a sensação do dever cumprido, apesar de tudo, e conseguia relaxar, cochilando encostada àquilo que sobrara do equipamento enviado à missão suicida.

Uma coisa era certa, porém! O tal do aparelho chamado “defletor de imagem” ainda teria que passar por muitos testes antes de ser produzido em série pelas forças armadas brasileiras...

Talvez isso entrasse no cômputo da comissão militar de inquérito, que iria investigar as conseqüências da ação dos dois jovens oficiais...

Quem sabe eles não seriam absolvidos de quaisquer penas?     

As hélices giravam em velocidade quase imperceptível aos olhos humanos, mas Felipe Corrientes mantinha os olhos fitos naquele parco reflexo das lâminas do rotor.
Tudo era silêncio naquela viagem de resgate, embora ambos, Celha Regina e Felipe Corrientes, fervilhassem por dentro em termos das explicações que teriam de dar aos oficias superiores, e para cada um em particular, e mesmo entre um e outro, pessoalmente. (CONTINUA NA TERÇA-FEIRA, DIA 10 DE ABRIL)

terça-feira, 3 de abril de 2012

O SENHOR DAS ÁGUAS - UNIDADE VIII - CAPÍTULO 5


Celha Regina bebia café naquela barraca que servira a uma celebridade, o Comandante Salas, algemado, tendo dois federais ao seu lado, para o caso de ele tentar alguma gracinha, porém mantinha a pose, orgulhoso, pensando nos seus nazistas anti-heróis.

Do lado de fora Paranhos procurava organizar aquela baderna, apagar algumas fogueiras que resistiam mesmo depois de encerrada a batalha, empilhar alguns corpos para conferência a posteriori, juntar todos os demais prisioneiros numa mesma barraca, reunir todas as provas que pudesse obter contra os traficantes...

Enfim...

Enquanto isso, de volta à barraca onde se tentava convencer Salas a falar, Felipe só queria água mesmo...

Mouzon e Moffato também continuavam por ali...

– Isto foi encontrado entre os pertences deste cão – disse Mouzon, jogando uma carteira de documentos no colo de Felipe.

Felipe segurou o copo d’água com o braço machucado, ainda que o mesmo estivesse imobilizado. Com a outra mão, a direita, pôs-se a analisar o documento sobre o qual seu amigo federal lhe chamara a atenção.

– Ele tem contato com a Miko, exportações & importações – disse Felipe meio atônito.

– Isto nos mostra quanto o tráfico está ramificado na nossa sociedade.

– Mas essa Miko não é a empresa do tal japonês, Tanaka Osumi?...

– Esse japonês é profundamente ligado à sociedade amazônica, Felipe – respondeu Celha no lugar de Mouzon.

– Como você sabe disso, Celha?

– Ora, eu leio jornais!

– A senhorita é realmente muito bem informada, “Tenente” – volveu Mouzon sorridente, mas com uma ironia sutil.

Era uma característica marcante do delegado de São Paulo. Sorria quando a situação denotava alguma tensão.

– Faz parte do meu trabalho, delegado – devolveu ela, quase sem intervalo.

Celha encarou-o com um misto de preocupação e admiração. Então era este o tal que Felipe falara com um entusiasmo que cheirava a devoção?

– Não é esta aquela sua “parceira” que você queria me apresentar, Felipe? – Provocou Mouzon.

– Ah, sim... – retrucou Felipe meio bobalhão. – Celha, este é o delegado Mouzon da polícia federal...

– Muito prazer, delegado – volveu Celha muito sarcástica também.

Mouzon se perguntava porque a amiga de Felipe usava aquele tom com ele...

– O senhor está investigando a ligação das mortes dos nossos colegas do 7º PEF com o tráfico de drogas, não é? – voltava a perguntar Celha, desta vez com naturalidade. – Já chegou a algum suspeito?

– Existem vários, senhorita – retrucou Mouzon sério, comedido, o que fez com que os olhos dela brilhassem de excitação, afinal, aquela atmosfera de suspense total acendia as imaginações mesmo dos menos privilegiados. – Quem sabe nós não devíamos conversar sobre isto?

– Quando o senhor quiser, delegado – devolveu ela com cordialidade, mas acrescentou, espetando: – Isto é, quando eu estiver disponível...

Moffato acompanhou aquele diálogo com uma curiosidade algo disfarçada, mas ele sabia que o delegado da polícia federal estava no caminho certo em termos da apuração do caso, embora Moffato soubesse também que o mesmo se mostrasse bastante espinhoso.

– Amadeo Castro – disse Felipe, lendo o nome do traficante no mesmo documento que Mouzon lhe dera. – Evidentemente este nome é falso...

– Provavelmente tudo que envolve o “Comandante Salas” deva ser falso – continuou Mouzon.

– Então... – insistiu Felipe se dirigindo ao traficante aprisionado. – Qual é o seu nome verdadeiro?

Salas, ou Castro, olhava através de seu interlocutor.

– Ele não vai falar – disse Moffato irônico. – Só em juízo. Esses caras tem proteção de tudo quanto é lado.

– Tem razão – concordou Celha bebericando mais café esfumaçante. – Ele já deve ter um advogado prontinho pra defendê-lo aqui no Brasil.

Salas dignou-se a fitar aquela arguta mulher belíssima, mas o seu sentimento em relação a ela parecia ser verdadeiro.

– Sim – tornou Mouzon satisfeito – Ele terá um advogado. Como manda o figurino. Mas, antes disso, nós vamos interrogá-lo em Boa Vista... – Mouzon permaneceu sério, trocando uma expressão indecifrável com seu colega da ABIN, ao passo que Salas/Castro brindou o delegado com um olhar preocupado. – Tem muita coisa que este senhor Castro, ou Salas, não importa, tem a nos esclarecer...

(SÁBADO CONTINUA. AGORA SERÃO DUAS POSTAGENS POR SEMANA. NÃO PERCAM!)