quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

O QUE HÁ POR TRÁS DO ESPELHO MÁGICO - CONTINUAÇÃO

Quantas noites em claro, regadas a caviar e champagne, foram necessárias até que eu compreendesse, finalmente, o funcionamento da engrenagem que move o mundo.


Ao contrário do que muita gente boa poderia pensar, não são os governos nacionais, ou seus representantes, que comandam as nações...

Alguns expertos alegariam: “Ah! Isso é de conhecimento público! São os bancos, ou os conglomerados financeiros, que ditam as regras”, mas isto também não é exato.

E por trás das cortinas das instituições, que não tem rostos limpos, mas apenas sorrisos obscuros?

Bem, eu poderia explicar que sempre houve inúmeras sociedades secretas, herméticas, verdadeiras seitas esotéricas, que atuam neste mundo desde que o homem aqui chegou, há milhares ou milhões de anos...

São três incógnitas que precisaríamos esclarecer, e todas elas envoltas em obscuridade e divergência.

Algumas dessas seitas trabalham em prol do ser humano, para que este evolua com a certeza de que ele não passa de uma fagulha da grandeza de Deus, sujeito a algumas leis imutáveis, tais como a reencarnação e a do eterno retorno, seja do bem ou do mal, e para que este orbe periférico, ainda involuído, possa abrir sua visão estreita dentro de um universo convergente com a lei maior, a do amor.

Porém o contrário também existe, ou seja, aquelas seitas que trabalham pelo obscurecimento mundial, pela manutenção de um status quo trevoso, inimigo das luzes, e, ao que tudo indica, são esses grupos que ainda detém o poder neste mundo.

Esta é a conclusão a que chegamos, após inúmeras conversas entre nós, Cinthia e eu, desde aquele fatídico dia num hotel de Buenos Aires.

Cinthia revelou-me muito mais, abriu seu coração, franqueou-me seus diários pessoais, e talvez este tenha sido o seu erro capital. Uma espiã que detinha a carga de segredos de estado como os que ela abrigava, não poderia revelar isto a uma única fonte, como ela fez, por mais que ela tivesse absoluta confiança em mim. E agora que ela se foi, e a minha própria vida vai se esvaindo aos bocadinhos, é justo que o mundo entenda, de uma vez por todas, quem dá as cartas nesta esfera.

Ao longo se séculos, dezenas de livros tentaram contar esta verdade aos homens; muitos a censuraram, reforçando a política de silêncio imposta aos pobres mortais ao longo de milênios; outros colocaram certas palavras rituais, poções de abertura de canais de clarividência, proibidos aos não iniciados, em livros criptografados somente acessíveis àqueles que conheciam o segredo e as chaves de abertura. Quando esses livros falavam às claras, foi preciso que tais fraternidades das trevas atuassem em vários sentidos, a maioria deles de fácil dedução, entretanto, o meio mais econômico e fácil de deter que tal conhecimento se espalhasse, foi mesmo através de incêndios. Bibliotecas inteiras queimaram com o correr dos séculos, como aconteceu com a de Alexandria na antiguidade, e em mais de uma oportunidade!

Muitos estudiosos, alquimistas ou não, debruçaram-se sobre esses livros amaldiçoados, e muitos perderam as vidas...

Escritos cujos quais não se conhecem a origem, nem a linguagem, foram traduzidos, revelando aos adeptos os segredos para se atingir um poder só dispensado aos “escolhidos”. Dispositivos mágicos foram desenterrados dos arquivos de uma história oculta, ou das entranhas da terra, para auxiliar na busca desses peregrinos...

Muitos desses objetos mágicos não chegaram até nossos dias, mas os que sobreviveram deram origem à lendas e histórias que ficaram imortalizadas pela pena de escritores inventivos, muitos deles igualmente “iniciados”. É o caso da lenda do espelho mágico, quando um mago fala ao Mestre encerrado no interior do espelho, contando-lhe segredos e fórmulas mágicas para combater a magia negra e os inimigos da luz. Algumas vezes a temática é exatamente o contrário.

Estas histórias, querido autor deste fantástico blog “Senhor das Águas”, que se propõe a abrir os olhos dos cegos que pululam a nossa volta, pasme, são verdadeiras, e foi acreditando nelas que os iniciados nazistas começaram a sua busca pensando em descobrir o graal, e terminaram num reinado de terror.

Desta busca inicial, Hitler foi apenas uma ferramenta tímida, o chamado “boi de piranha”, que dá a cara para bater e a cabeça para enforcar...

E esta a história que eu passarei a contar a seguir...

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

O QUE HÁ POR TRÁS DO ESPELHO MÁGICO - CONTINUAÇÃO

À princípio eu meditei muito sobre aquele tsunami de emoções que ameaçavam me tragar para o fundo do mar revolto... E ainda tive que disfarçar, provavelmente não tão bem como Cinthia fazia, uma indiferença sobre aquele assunto, até que eu decidisse o que fazer com aquelas novidades “promíscuas”, pois ela acabava de retornar do seu capuccino.


Como lidar com uma situação que não é exatamente aquela que você costuma observar pela janela, da realidade cotidiana das pessoas, das ruas? Colocado de outra maneira: uma pessoa normal como eu, ainda que diplomata, e habituado a um universo um tanto diferente do vulgo, acostumada a lidar com pessoas que decidem o destino do planeta, mas que nunca acreditou em tapetes voadores, de repente, constata que, não só os tapetes voadores existem, como também os Merlins que os fazem voar, e os dragões que cospem fogo.

Deveria contar a ela que vi o que não deveria?

Para encerrar, ainda sobre o encontro com o nazista, que não durou muito: ele lhe revelou uma coisa que, sozinha, pode se transformar num capítulo a parte destes depoimentos.

Ele disse textualmente a ela antes de desaparecer: “A Sociedade do Vril continua viva e atuante”.

O que ele quis dizer com isto?

Mais tarde veremos. Porém, antes, havia tantas informações truncadas, como por exemplo, aquela que forneceu o título desta história, cujo esclarecimento, devo dizer, ainda não compreendo muito bem. Não sei por que, mas, em minha opinião, Cinthia esperava ansiosamente que uma pessoa como eu entrasse na sua vida para compartilhar esses segredos ou angústias...

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

O QUE HÁ POR TRÁS DO ESPELHO MÁGICO - CONTINUAÇÃO

É como estar com sede debaixo de uma cachoeira...


Quase tive uma síncope!

Não podia acreditar no que via ali escrito...

Cinthia... Uma espiã a serviço do governo dos Estados Unidos da América! Incrível! Fantástico!

Eram tantas informações surpreendentes em tão pouco tempo, que eu mal conseguia concatenar as ideias naquele momento...

Percorri aquelas tantas páginas escritas à mão como se fosse um piloto de corrida...

Até que me detive em particular naquela missão específica realizada em Bariloche, que eram exatamente as últimas anotações do diário...

Sabe qual foi a missão que obrigou Cinthia a estar em Bariloche?... É tão simples como beber um copo d’água...

Lembra-se quando eu citei aquela manchete de jornal argentino, que afirmava que um criminoso de guerra nazista havia sido localizado em Bariloche?

Pois Cinthia tinha a missão de confirmar a presença deste indivíduo e avisar às autoridades americanas. O que viria depois não era mais trabalho dela, portanto eu não sei o que foi feito dele. Foi por isso que ela fez tanta questão de esticar nossa estada até Bariloche, uma cidade deserta naquele ano. Somente desta forma ela poderia esbarrar com o sujeito num dos hotéis da cidade, e foi exatamente o que aconteceu! Ela conversou com ele inclusive! Para ter certeza que estava lidando com a personagem certa.

E havia muito mais naquelas anotações sobre a missão de Bariloche... Parece que o espião profissional possui um sortilégio de indagações peculiares que lhe permite chegar ao cerne daquilo que ele procura descobrir, como um jogo de perguntas e respostas, e o foragido nazista, mesmo com quase oitenta anos, percebeu muito bem quem era na verdade Cinthia, o que ela representava, tanto que procurou se livrar da estrela e voltou a sumir no mapa.

Mas esta seria apenas uma das tantas revelações que abalariam minha confiança no mundo e nos homens...

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

O QUE HÁ POR TRÁS DO ESPELHO MÁGICO - CONTINUAÇÃO

As aparições públicas de Cinthia acabaram-se como que por enquanto.


De repente, ela se cansara de Bariloche. Eu poderia estranhar esta atitude dela se isto não houvesse ocorrido antes, mas o verdadeiro motivo eu somente desvendaria depois de ter o diário dela em minhas mãos...

E isto, como muitas coisas que acontecem em nossas vidas, foi um ato ridículo de Mestre Acaso...

Ela, simplesmente, havia cumprido sua missão. Por isso queria ir embora, pois nossa passagem por Bariloche não passara de rotina para ela.

Já estávamos de volta num hotel no Centro de Buenos Aires. No dia seguinte retornaríamos para os Estados Unidos. Eu, para Nova York, ela tomaria sua conexão para Los Angeles.

Cinthia descera ao restaurante do hotel para tomar um capuccino. Dizia-se com dor de cabeça e queria ficar sozinha. Ela tinha dessas coisas, eu costumava respeitar.

Eu fiquei no quarto e tentei assistir um pouco da programação da televisão argentina. Digo que tentei porque, como muitos dos meus colegas, era-me difícil compreender o espanhol falado na argentina, cheio de gírias e inversões idiomáticas, o que me fez adormecer antes do tempo.

Cinthia demorou-se muito naquele dia. Cheguei a pensar que, por motivo de uma daquelas muitas crises que abalam a psique dos grandes astros, ela tivesse me largado na Argentina. Acho que foi um pesadelo, porque acordei no meio da noite sobressaltado, e fui conferir se suas coisas ainda estavam no quarto...

Então me deparei com um livrinho com capa de couro preto em cima de uma espécie de penteadeira que imitava a mesa da coxia dos teatros, cheias de lâmpadas e espelhos translúcidos. Aliás, acho que foi por isso que ela gostara daquele quarto. Para mim, com tantos anos de janela, todos os quartos de hotel eram como folhas de papel em branco de um mesmo caderno.

Uma comichão insuperável fez-me tomar aquele livrinho em minhas mãos, hábito que eu não cultivava...

Sabe quando uma pessoa diz-se descrente da existência de Deus e um belo dia Ele se materializa bem na sua frente e lhe estende a mão...?

– Muito prazer. Deus.

Pois foi justo o que me ocorreu tão logo eu comecei a folhear o diário de Cinthia...