quinta-feira, 31 de março de 2011

A SOCIEDADE DO VRIL CONTINUA VIVA E ATUANTE

   Aconteceu...
   Não virei manchete, ainda não, mas dia virá em que este escriba que vos fala, perseguidor implacável deste Senhor das Águas - e muito provavelmente perseguido por suas ideias extravagantes - cuja identidade ninguém conhece, acordará na boca do povo... Vejo este dia chegando... Então a justiça se fará, porquanto os verdadeiros talentos, moeda rara, nascem para dar testemunho ao mundo que as leis universais são inevitáveis em sua aplicabilidade, mesmo que nós as desconheçamos, ou torçamos os narizes repletos de matéria fétida diante de sua letra incompreensível. Esta, sim, a única verdade disseminada por todo o cosmos, e que todos os escritores, em quaisquer mundos que os haja, vivem repetindo ad infinitum.
   Ou poucos "malucos" que acompanham este blog (e eu até agora ainda não tenho dados concretos sobre o numerário desses loucos!) devem se lembrar do leitor misterioso que me enviou uma história insana sobre uma estrela de Hollywood, na verdade uma agente secreta norteamericana, etc e tal...
   Lembram-se, pois não...?
   OK...
   Pois é, nesta mesma ocasião, o tal sujeito misterioso acenou com a possibilidade de mandar-me, aos pouquinhos, todas as informações pertinentes, e impertinentes, aos casos que sua ex-companheira, denominada sob o código de Cinthia, viveu, principalmente aquele que ela intitulou de "A Sociedade do Vril Continua Viva e Atuante".
   Muito bem, ladies e gentlemen, muito mais ladies do que gentlemen, ao julgar pelo número dos seguidores... Não qu'eu me importe com isso!... Ao contrário! Sinto-me muito bem na companhia delas... Pois eu os tenho aqui na minha mão... Estes escritos...
   Confesso que estou tão excitado que embaralho as palavras...
   Não sei nem por onde começar...
   Sabe aquela coisa, o menino que adora brinquedos e, de repente, se vê só num quarto repleto dos mais belos exemplares...
   São histórias fantastiques demais para que o mundo deixe de apreciá-las, ao mesmo tempo em que tenho a mais perfeita noção de que a grande maioria não vai acreditar nelas...
   Por exemplo, que Adolf Hitler não morreu em seu bunker de Berlin em 1945...
   Mas isto eu até já adiantei na matéria "AFINAL, QUAIS SÃO OS FATOS QUE DESENCADEIAM A HISTÓRIA?"
   Que ele, Adolf, bigodinho titica de mosca, viveu até 1959, entre o Chile e a Argentina, disfarçado, com plástica e tudo, mas que foi reconhecido mesmo assim, apesar da plástica, por uma dúzia de pessoas mais ou menos, e sem o titica de mosca, claro...
   São passagens que os farão lembrar de 007, como aquele nosso amigo incógnito mencionou numa das postagens anteriores...
   Gente!... Tem histórias aqui que farão inveja a Ian Flemming!...
   Eu já as li... Todas... Calma!, não fiquem impacientes!...
   Bem, mas antes de mais nada, como nota introdutória, porque é necessária, na semana que vem eu explico o termo "Vril", que cai no título desta nossa mais nova saga...
   Até lá, então...
   Beijo no cangote...

domingo, 27 de março de 2011

O ARQUITETO COMO METÁFORA DE DEUS

   Fica claro no diálogo entre Neo e o Oráculo, aliás, personagem estrategicamente formatado no sexo feminino, a questão da "escolha"...
  Voltamos a falar da trilogia Matrix, e o parágrafo acima refere-se à postagem do Fantasma na Máquina, lembram-se?...
   Pois é... No diálogo fundamental de toda a trilogia Matrix, o que acontece entre Neo e o Arquiteto, isto igualmente fica patente: a escolha. Somos escravos dela.
   Mas este diálogo traz a tona outras questões fundamentais. Aqui transparece o cerne da questão que move os filósofos desde a época trágica dos atenienses...
   A do "porquê" das coisas...
   A explicãção de tudo, e o desdobramento de todo o resto...
   Notem que o Arquiteto, como uma metáfora de Deus, é frio, calculista, "matemático". Ele carrega a razão acima da emoção, exatamente como o Deus Mosaico das primeiras linhas bíblicas. No entanto, não podemos perder de vista o momento histórico daquela oportunidade: tínhamos um líder, Moisés, a frente de um povo saído da escravidão no Egito, sem eira nem beira, diante do Sinai desafiador, com uma pretensa terra prometida que lhes aguardava(aqui, talvez, nós tenhamos outra metáfora bíblica), e com um agravante: muitos daqueles hebreus dos primeiros tempos assimilaram as doutrinas dominantes do vale do Nilo, não estavam preparados para a mensagem revolucionária do Deus único. Ou seja, não seriam palavras melífluas, como as de Jesus de Nazaré, segundo os evangelhos canônicos, que iriam convencer aquele povo sáfaro das "verdades" que Moisés trazia.
   Aliás, este é o maior desafio do "messias eletrônico" em Matrix, o ponto divergente entre ele e o seu criador, o Arquiteto: EMOÇÃO X RAZÃO. O que deve prevalecer? Mais uma vez a grande questão travada é a da ESCOLHA, porque o Arquiteto indica a Neo as duas únicas opções que ele dispõe: por uma porta está a salvação de Zion, a cidade Rebelde, porém a morte de Trinity, sua amada, ao passo que na outra reside a salvação de Trinity, mas a eliminação de Zion, e, por conseguinte, a erradicação da vida humana, uma vez que é o próprio Arquiteto quem diz no início do diálogo que esta Matrix fracassou como as outras seis anteriores...
   E a esperança...? Será ela o segredo do nosso pretenso e duvidoso sucesso, porém, paradoxalmente, a semente da tragédia...?
   Mais uma vez é o Arquiteto quem proclama, no início do encontro, que a primeira Matriz era perfeita, mas que seu retumbante sucesso é tão pungente quanto sua fragorosa derrocada... O que quer isto dizer...? Que a perfeição não existe, como nos diz o Livro Tao te Qing...? Ou que a soberba dos deuses primordiais transcedeu sua humanidade, gerando os monstruosos Titãs exilados por Zeus...? É a queda dos anjos vista por outro viés, já que estamos falando de temas bíblicos, mas se trata do mesmo assunto...
   Será que estamos irremediavelmente atados ao destino de um eterno reconstruir...? Será que todos os nossos esforços em evoluir sempre terão suas vítimas, seus mártires, seus "bodes expiatórios"?
   Ainda assim, fica claro pela fala do Arquiteto, e também pelas repetições da História humana, esta, sim, real, autêntica, que ainda não aprendemos o fundamental nesta matéria do existir: a lei do amor. Isto inclui compartilhar, dividir, solidarizar-se, enxergar o outro sem preconceitos ou idiossincrasias, ver apenas o fundamental e inquestionável: a essência do ser é a mesma, independentemente de inteligência ou quantidade de patas, mas isto, que parece tão simples a princípio, é o mais difícil de praticar...
   Não se trata de uma mera escolha maniqueísta entre a razão de existir e o existir com amor, mas se nós olharmos o mundo, o universo, com os olhos da razão, talvez cheguemos à conclusão de que o único caminho seja mesmo aquele que tão poucos tentaram mostrar a bilhões ao longo da história, o mesmo que Neo escolheu...
   Mas o seu ato de amor não se restringe apenas pela escolha de um homem pela sua mulher, ele também dá a vida pelo povo de Zion, e se despe de preconceitos para aliar-se às máquinas sanguinárias, aliás, aqui reside outra das poderosas metáforas da trilogia, porque as máquinas representam nosso lado sumamente insensível, ou não estamos como que robotizados hoje, em relação ao outro? O mais importante, naquele momento da trama, é desarmar o nosso lado negro, egocêntrico, que não deseja compartilhar nada, nem compreender o diferente, só almeja o poder em si mesmo, alijado do espírito de solidariedade que deve nortear a evolução da humanidade; isto é representado pelo agente Smith, o mal a ser banido de uma Terra "mecanizada"...
   Em suma, Matrix é o filme das metáforas...
   É ledo engano achar que tudo não passa de um filminho de fição e aventura...
   Quem não viu Matrix, veja...
   Quem viu e não se lembra, volte lá e pense, baseando-se nestas leituras... Ou invente outra, que mal há nisto?
   O Senhor das Àguas só deseja a luz para iluminar nosso universo penumbroso...
   Doa a quem doer.
PS: Porque o personagem do Oráculo é especialmente criado com o sexo feminino? É o Arquiteto quem diz: se ele "é o pai da Matrix, o Oráculo é, seguramente, a mãe". Trata-se dos dois aspectos da divindade, masculino e feminino. E é o lado feminino, o mais sensível, sempre!, o que enxerga melhor!

sábado, 19 de março de 2011

BARRACKO OBA-MA

  O Presidente dos Estados Unidos, Barracko Obama, desembarca em Brasília cercado por um aparato de segurança nunca antes visto na história...
  Explica-se: é que toda a cúpula da "Inteligência" norteamericana pensava estar na Venezuela...
  Mas cadê o Hugo Chaves que não veio recepcionar o Barracko? Calma. Ele vai entrar no final desta história. De maneira secundária, mas vai...
  Todo mundo, inclusive a Secretária de Estado, Hillary Pinton, começou a arranhar o péssimo espanhol, crente que estava abafando... E, realmente, estava um calor de matar em Brasília...
  Ninguém da comitiva brasileira entendeu chongas!
  Lá pelas tantas, já meia puta da vida, Dilma começou a arrastar o seu búlgaro macarrônico...
  O embaixador americano, então, ressabiado, virou-se para o colega brasileiro e perguntou, em francês:
  "O que está acontecendo?"
  "Você não sabia?" Respondeu o chanceler brasileiro. "O búlgaro é a segunda língua falada no Brasil".
  "Really?! E os brasileiros entendem o búlgaro?" Voltava a perguntar o intrigado embaixador americano.
  "Claro que não! Nosso povo também não entende a política econômica do governo e tudo anda às mil maravilhas!"
  E ficaram por aqui.
  Nisto, os encontros - e desencontros - entre Estados Unidos e Brasil cresceram socialmente... Muita festa pra todo lado, a tal ponto que o casal nota 10 dos Estados Unidos separou-se em determinado momento, já decorridas algumas horas de caviar e champagne...
  A Primeira Dama viu-se só, nos intermináveis corredores labirínticos da ilha da fantasia chamada Brasília, apesar das boas companhias...
  A CIA, FBI, NSA estavam atônitas! Aonde foi Barracko Obama?! Alguns sugeriram: "He's going to pee"... Mas nem todo mundo acreditou. Um deputado lá do Maranhão, já meio calibrado, pensou, expressando: "Oh, yes! He's tupi, I'm not tupi! I'm good in Switzerland!" Mas nenhum americano entendeu mesmo...
  Enfim, o submundo de Brasília foi vasculhado de costa a costa nos mínimos detalhes, e nada de Obama.
  Em certa hora, um aspone lá, também já meio encharcado de espumante - sim, porque agora não se pode mais usar a palavra "champagne" indiscriminadamente - disse que o Presidente dos Estados Unidos havia pego uma conexão para o Rio de Janeiro...
  "Sozinho?!" berrou todo o sistema de segurança norteamericano.
  Somente mais tarde a CIA  entenderia o termo "conexão"...
  O fato é que Obama sumira dos olhos de todos. A Primeira Dama espumava de ódio, já antevendo o resultado das investigações dos serviços secretos dos Estados Unidos, embora nem todo o efetivo, efetivamente presente, estivesse ainda em Brasília...
  O "Boss" do "staff" do FBI, por exemplo, foi visto em Salvador, num trio elétrico comandado por Ivete Semgallo.
  Todo o esquema montado pelo FBI para proteger Barracko Obama foi, inevitavelmente, desmoralizado, simplesmente porque nenhum superagente americano, like Superman, conseguiu localizá-lo.
  A CIA, porém, inteligentemente, bolou logo um plano para minimizar o efeito da fuga de Obama, o que ainda iria reverter bons frutos para a política externa dos Estados Unidos. E que plano sensacional! Começou a divulgar que Obama havia sido assassinado por um grupo de radicais de esquerda-centro-direita chamado Renascer Islâmico-Judaico... Mas como?! Nunca, ninguém, ouvira falar de tal grupo extremista! Ainda mais no Brasil! E daí? Isto não tinha a menor importância nos planos da Inteligência norte-americana - e vai da forma tradicional que fica mais bonitinho - porquanto, o que queria o governo dos Estados Unidos "era uma forma de compensar o povo americano por esta tragédia inconsolável, um grave acontecimento para os destinos de todo o mundo"... E para que isto pudesse ser minorado, os Estados Unidos exigiam, simplesmente, a entrega da Amazônia...
  Aqui é que entra o Hugo Chaves, porque, tão logo as exigências norteamericanas foram cumpridas pelo governo brasileiro, um efetivo das forças armadas estadunidenses, que já se encontrava na Colômbia, invadiu a Venezuela, destituiu o Fidel Castro da América do Sul, e anexou toda a região amazônica aos Estados Unidos.
  No final das contas, A CIA descobriu que o Obama assassinado foi seu sósia brasileiro, torcedor do Flamengo, flagrado desfilando na Cinelândia de terno desgrenhado, gravata rasgada e bebado. Ah, sim! E com a camisa do Ronaldinho por baixo; e enrolado na bandeira confederada!
  O verdadeiro Barracko Obama estava bem vivo e protegido, num motel da Barra da Tijuca, nos braços de uma das mulheres mais desejadas do Brasil... Escolha a de sua preferência!
  Mas a verdadeira história do desaparecimento de Barracko Obama nunca foi contada, e a Amazônia, esta, definitivamente anexada ao território norteamericano...
  A CIA garante que tudo é verdade...
  E os brasileiros acreditaram.

sexta-feira, 11 de março de 2011

O FANTASMA NA MÁQUINA

   A noção de que este mundo na verdade não passa de uma grande ilusão da realidade visível, teoria esta defendida por uns poucos físicos de ponta, isolados e malditos, homens ao qual eu me alinho de coração, e de que no fundo não passamos de um bando de escravos governados por máquinas, é um tema desenvolvido pela trilogia cinematográfica "Matrix", que eu tive o prazer de rever nesses dias de carnaval, já idos, e agora somente pertencentes a um determinado holograma estocado em algum ponto do multiverso, outra das teorias heterodoxas a qual eu me alinho, e apenas acessível aos cérebros desprogramados pela escravidão cotidiana do TER.
   Nesta série, como muitos de vocês talvez já saibam, a grande maioria dos humanos não passa de pasto, combustível, para perpetuar a estirpe de máquinas desalmadas que assumiram o poder. Um velho tema volta e meia ressuscitado pela ficção científica, mas que no caso desta trilogia, malgrado a mistura de uma centena ou mais de mitos tirados de várias mitologias espalhadas pelo mundo, me agrada muito!
   Este universo fantástico de "Matrix", embora extremamente pessimista e escatológico, encontra ressonância numa série de pontos em comum com a nossa história do Senhor das Águas, romance inédito, mas que ainda aguarda que alguma editora se interesse por ele, ou então eu mesmo o publicarei nas páginas eletrônicas deste blog!
   Será que somos mesmo partes descerebradas de um mecanismo gigantesco que não suporta elos desconexos em desacordo com a cadeia? Neste caso, ou seja, uma vez que concordamos com a ideia central da trilogia, em "Matrix" isto é colocada de maneira bem explícita...
   Para aqueles que estão bem familiarizados ao contexto do filme, basta dizer que naquele cenário futurístico, "fictício", programas de computador interagem com outros programas diversos, uns influenciando os outros, ao passo que alguns, dentre estes programas, na verdade brigam pelo poder na Matrix!
   Entretanto dois deles tem papel fundamental na trama: o Oráculo e o Arquiteto. Vamos falar agora sobre o primeiro deles...
   É graças ao Oráculo que a política dos rebeldes de Zion, que lutam contra a Matrix, se baseia, e graças também a ele, Oráculo, que os rebeldes irão encontrar aquele que os liderará na vitória, o Escolhido, Neo, numa clara aproximação ao tema bíblico do Messias, mas sobre isto já se escreveu à farta e o Senhor das Águas se caracteriza por um pensamento sui generis...
   O Oráculo conduz o Escolhido a um caminho mais ou menos planejado pela inteligência da Revolução. Quando digo "mais ou menos" é porque existe um fator imponderável muito importante nas equações que movem o universo, que se trata do Livre Arbítrio, mas este é aplicável, e mais ou menos adaptável, às escolhas que fazemos, e este é outro importante fator na equação, porque graças às nossas escolhas no presente é que construiremos o futuro... Não é assim...? Não concordam...? Mas uma coisa vocês tem de concordar: todos estamos inseridos nesta matriz que nos domina... Certo...? Errado...?
   Não se esqueçam, também, que é da boca do próprio Neo que nós ficamos sabendo que o mais importante é a "escolha".
   O mais importante, entretanto, na opinião deste escriba do Senhor das Águas, entre o jogo ficção X realidade, metáfora e/ou máscara, a realidade espelhada pela poesia da obra de arte, nós ficaremos com o diálogo entre o Oráculo e o Escolhido, logo no início do segundo filme da série, "Matrix Reloaded"...
   Neste "encontro" algumas das verdades que norteiam nossas vidas são ali reveladas, disfarçadas por um discurso um tanto quanto informatizado, virtual.
   Ouçam com ouvidos bem atentos, como o dos discípulos que seguem o mestre montanha acima...
   Será que descobriremos a identidade do fantasma que manipula a engrenagem...?
   Ainda não desta vez.
   Antes, porém, de tentarmos decifrar este mistério, lembremos que outro momento fundamental neste mesmo filme, talvez o acme de toda a trilogia, o cofre onde está inserida a chave, a revelação final, é o encontro entre o Escolhido e o Arquiteto...
   Não percamos suas pegadas...
   Semana que vem...

sexta-feira, 4 de março de 2011

OS NEGROS ANOS

  Para aqueles que acreditam que os homens deste planeta são a única espécie viva e inteligente deste imenso universo que nos circunda, e, graças a Deus eu não sou um desses, neste sentido posso dizer, sim, estou livre de cometer tamanha estupidez, eu recomendo um livro maravilhoso, antigo, mas do qual só tomei conhecimento há poucos dias, quando procurava alguns quadrinhos antigos da minha infância para recordar. Na verdade a história soará quase como uma anedota, para alguns, embora na minha leitura tenha ficado um sabor de tragédia shakespeareana, entretanto, qualquer que seja a sua opinião, caro leitor, você terá, de uma maneira ou de outra, um ensinamento: de como não devemos nos comportar quando nos depararmos com a primeira civilização inteligente nesta galáxia...
  Imaginem uma Terra futurística... Neste mesmo século XXI, um pouco mais para a metade dele...
  Agora imaginem que nesta hipotética sociedade terrestre do futuro a humanidade, devido a seus progressos científicos, tenha estendido seus domínios exploratórios a vários cantos da galáxia...
  Um parênteses: é engraçado que este desejo esteja encravado no coração dos mitos modernos da humanidade, pois eu também acredito que não iremos demorar muito para realizá-lo, haja vista que não faz muito tempo se dizia que o avião jamais levantaria voo do chão, e este sempre foi um antigo desejo humano...
  Voltando a vaca espacial... Nesta sociedade do futuro, descrita brilhantemente por Brian Aldiss, vários planetas semelhantes à Terra foram encontrados, curiosamente nenhuma civilização aos moldes da humana existia, e aqui começa o fantástico enredo deste romance excelente, pois ele se baseia num grande preconceito que nós falamos na introdução desta matéria, qual seja, o de que dificilmente nós encontraremos uma civilização baseada nas mesmas primícias desta nossa, pseudocientífica e tecnocrática, e aqui cabe a primeira pergunta: será que nós a reconheceríamos como tal, se ela não fosse baseada nos mesmos paradigmas que os nossos?
  Se nós, "humanos superiores", não reconhecemos nem mesmo certas diferenças culturais existentes em nosso globo, como enxergaríamos uma inteligência diferenciada, baseada em valores aos quais nós desprezaríamos?
  Pois esta é a grande sacada de Aldiss em Os Negros Anos. Uma civilização, a nossa, que ainda acredita na guerra, e, mais do que isso, estimula-a como incremento comercial, não poderia mesmo enxergar uma civilização pacífica, cujos principais ritos religiosos consistem na defecação coletiva como homenagem à essência sagrada que se mistura na terra a fim de fertilizá-la duplamente: no sentido orgânico e no puramente ritualístico transformador.
  Pois esta sociedade "animal", encontrada num dos inúmeros planetas que nossa "sociedade limpinha" explora ao longo da galáxia, criou uma tecnologia de navegação espacial superior a nossa, mas a sua infelicidade, quer dizer, baseada no nosso ponto de vista, é que eles não desenvolveram nenhum objetivo comercial  predatório com estas viagens, mas sim puramente místico, já que possuem uma inclinação a verem no universo uma manifestação sagrada da existência, e, ainda que possuam também um sistema de comunicação sônico muito mais aperfeiçoado do que as nossas gramáticas estapafúrdias, não são reconhecidos como inteligentes por nossas brilhantes mentes acadêmicas, e, para piorar a sua situação, são seres absolutamente pacatos, feios, possuem duas cabeças, tem um aspecto reptilóide, meio assim, próximo a tartarugas, seis pernas que encerram seis mãos, com seis dedos e dois polegares em cada uma delas, em suma, são monstros repelentes pelos nossos padrões estéticos e a nossa sociedade odeia tudo aquilo que é diferente.
  Porém ainda há mais, e Aldiss nos diz com uma nota fúnebre: a guerra nos é tão importante sob o ponto de vista comercial, e eu diria, da imbecilidade humana, que esta maravilhosa civilização do futuro implanta-a em outros orbes colonizados por nós, como uma manifestação atávica da profunda inteligência humana!
  Resultado final: ao fim do romance, os utods, essas criaturas pacíficas e superiores, "sujas", "decrépitas", detentoras de uma tecnologia verdadeiramente limpa, estão praticamente extintas, como resultado das guerras de exportação.
  Conclusão: não há futuro para uma civilização predatória que não enxerga a si mesma num contexto cósmico.
  Um dado engraçado neste romance de Brian Aldiss, Os Negros Anos, nos diz respeito diretamente, a nós, brasileiros, é que o autor, inglês, em mais uma crítica ao imperialismo anglicano, antevê uma guerra entre a sua Inglaterra e o Brasil como pano de fundo. Resta saber se aqui vai outra crítica ao nosso futuro, ou seja, se nós, os chamados países emergentes, estamos dispostos a basear este desenvolvimento nas mesmas regras caducas que imperaram nas grandes potências do passado. E, sinceramente, não fica claro se assim pensa o autor. Esperemos que ele esteja redondamente enganado...
  Pelo menos nisto!
  PS: Outro dado sui generis, extrapolando a tese deste livro, elocubração minha, que muitos chamariam delírio: neste livro talvez esteja a explicação, observada pelo autor, ou por consequência de sua ideia, do facto dos governos institucionalizados, e, por conseguinte, as forças armadas e a comunidade científica, negarem sistematicamente a presença de civilizações desconhecidas de fora da Terra em nosso planeta...
  O que será que foi observado de tão assustador pelas "autoridades" constituídas para manterem a opinião pública no escuro...?
  E agora para encerrar de facto, porque esta matéria já está muito grande, falta dizer que isto é ventilado em algum momento no romance, isto é, no auge da crise de valores em que a nossa civilização hipotética do futuro se encontra, pelo fato de não conseguir definir se os utods são inteligentes ou não, chega-se a sustentar a ocultação da existrência dos mesmos, visto que o choque de valores é tão acentuado que as autoridades se encontram num beco sem saída conceitual...
  Será que foi isto que aconteceu conosco na realidade...?
  Qualquer semelhança talvez tenha sido mera coincidência...