Esta que era a Era
do Cinismo Universal, talvez não deixasse muitos sobreviventes depois que a
onda de purificação passasse pela Terra sôfrega de justiça...
Este pensamento
perpassou e mente de Felipe, quando, já cochilando ele também, foi despertado
por uma advertência muito séria por parte de Celha Regina:
– Presta muita
atenção ao que vou te dizer, Felipe – sussurrou ela, embora o barulho dos
rotores impedisse mesmo que qualquer daqueles soldados escutassem o que ela
iria dizer...
– Você deve ir para
Boa Vista e entregar o relatório pessoalmente ao General Barreiros – arrematou
ela...
– Você ficou
louca?! Como eu vou passar por cima do...
– Ele vai mandar
você pra lá, Felipe! Ouve o que eu estou te dizendo...
– Caralho, Celha! O
que é você? Uma bruxa, por acaso?!
– Nem uma coisa nem
outra, mas posso prever com 100% de precisão o que vai acontecer neste caso.
Você irá pra Boa Vista amanhã, e quando isso acontecer, não olha pra trás...
– Mas porque você
está me dizendo isso, porra?!
– Chiu!... Tudo
isso que nós vivemos aqui hoje... não te diz nada?
– Há muito tempo eu
vejo por trás deste véu de poeira que nos cobre. Tudo o que nós estamos
vivenciando... Eu não acredito mais nesta civilização, Celha...
– Presta atenção,
Fê. Esta civilização, o que nos resta dela, o que ela nos legou, o que nos liga
a ela, ou nos afasta, tem uma razão de ser...
– Isto eu sei muito
bem...
– Espera. Ouve. Há
muito mais por trás das cortinas deste teatro bufo...
– Eu sei!
– Não sabe da missa
a metade – retrucou Celha, sorrindo com algum escárnio, mas não em relação a
Felipe, e sim da situação mentirosa que as pessoas julgam conhecer e não
desconfiam sequer um cadinho. – Se você soubesse realmente, talvez estivesse do
meu lado... (CONTINUA NA QUINTA)
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