terça-feira, 24 de abril de 2012

O SENHOR DAS ÁGUAS - UNIDADE IX - CAPÍTULO 2


Horas depois voltou Mouzon...

Trazia uma quentinha para entregar ao prisioneiro, que não comera nada desde que chegara à sede da Polícia Federal de Boa Vista.

Mouzon entrou na sala com o mesmo espírito que saíra horas atrás, porém imbuído dum espírito mais galhofeiro, disposto a brincar com o prisioneiro, do mesmo jeito que o tal Castro, ou Salas, tentava brincar com ele, desgastando-o emocionalmente.

– Trouxe algo pra você comer, Salas... – o Comandante pegou a quentinha com certa desconfiança. – Experimente. Está muito bom. Não quero que depois você diga ao seu advogado que morreu de fome nas dependências da Polícia Federal.

Salas abriu a embalagem prateada flexível, olhando seu conteúdo, mas não manifestou qualquer emoção visível.

– A comida é muito boa... É de um restaurante aqui do lado... Muito melhor que a da penitenciária de segurança máxima aonde o senhor irá daqui a uns meses...

Castro não se alterou. Ele ia abrindo aquele mesmo sorriso debochado, quando foi provocado por Mouzon:

– A propósito, “Señor Amarilla”... Este é o seu nome verdadeiro, não é?
         Castro, ou Salas, ou talvez Amarilla, perdeu o bom humor no ato...

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