quarta-feira, 5 de setembro de 2012

O SENHOR DAS ÁGUAS - UNIDADE XI - CAPÍTULO 4 - PARTE 3


 – Você pode ter certeza de uma coisa, Mouzon. Eu vou me divertir mesmo quando eu vir os responsáveis pela morte de Celha na cadeia, e eu tenho certeza que esse tal de Amarilla não é o único que vai dançar. Na verdade, mudando de assunto, eu não paro de pensar num enigma... Porque Celha Regina estava tentando me proteger quando nós arrombamos o acampamento de Amarilla?

– Talvez porque você morto não interessasse a ela – respondeu Mouzon de imediato, analiticamente. – Talvez ela visse em você muito mais do que um simples companheiro de trabalho... – Felipe não demonstrou muito agrado diante desta observação. – Você é quem está insistindo neste ponto, Felipe! Me perdoe, cara, mas parece que você está mesmo querendo sofrer. Existem “n” motivos para que Celha quisesse protegê-lo...

– Me diz outro que nós ainda não citamos.

– Um que, talvez, aos seus olhos, possa parecer inverossímil, reside no fato de que ela quisesse utilizá-lo para coroar uma missão em que estivesse envolvida...

– Por exemplo?

– Por exemplo, talvez ela fizesse parte mesmo da CIA, ou da Interpol, e estivesse empenhada em descobrir esta rota do tráfico que vocês interceptaram naquele dia... Eu não sei, Felipe. Realmente isto é nebuloso. Podemos ficar aqui o dia todo especulando, aí eu te pergunto: de que vai adiantar?

A resposta foi um solene silêncio por parte de Felipe Corrientes, e o conseqüente gesto de abaixar a cabeça e fechar os olhos, ainda cansados pelas noites mal dormidas, pelas inúmeras respostas engolidas com molho indigesto, interditas pelo destino incompreensível, que muitas vezes nos degola como carrasco monstruoso, sem misericórdia pelo ato consumado...

Amém.

Entretanto, o cerco da Mangueira continuava implacável...

Muita bala perdeu-se naquele morro!

Os moradores, em polvorosa, corriam para a segurança enganadora do asfalto atulhado de viaturas militares...

 Enquanto isso, mais efetivos em homens e armas chegava à favela...

Foi uma verdadeira ação militar, em sua mais pura acepção de guerra urbana...

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