sexta-feira, 3 de agosto de 2012

O SENHOR DAS ÁGUAS - UNIDADE XI - CAPÍTULO 2


Apesar de ver a porta do quarto fechada, exatamente como a deixara ao sair, ela preferiu ir direto para um banho quente e relaxante...

Cumpriu todo o ritual a que já se habituara desde que tomou ciência da beleza de seus primeiros passos em direção ao espelho...

E a porta de seu quarto continuava trancada, silenciosa, absolutamente sem vestígios de pegadas.

Tomou banho tranqüilamente, como uma sereia que espera sua vítima, e quando saiu do banheiro, enrolada na toalha vermelha sanguínea, foi até a porta e bateu suavemente...

Não obteve resposta e insistiu com mais força...

Como nenhum “ai” viesse lá de dentro, ela torceu a maçaneta e entrou rompendo a penumbra eterna...

Felipe continuava lá, deitado, olhando pro teto, sem reflexos de estrelinhas ou nuvenzinhas mentirosas...

Flávia não se conformou:

– Mas o que está acontecendo com você, meu amor?...

Nenhuma resposta viva.

Ela insistiu:

– Você está doente?

Recebeu um não lacônico soprado com sofreguidão, então repetiu:

– Hem, meu amor?...

O volume a seguir pouco se alterou.

E ela insistiu, cumprindo o que fazia parte do seu papel como esposa:

– Você tem certeza que está tudo bem, Felipe?

– Se eu tivesse certeza de alguma coisa na minha vida... – retrucou ele com um humor melancólico – não estaria neste estado, Flávia.

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