quarta-feira, 8 de agosto de 2012

O SENHOR DAS ÁGUAS - UNIDADE XI - CAPÍTULO 2


Compadecendo-se do maridão chateadão, ela não se importou mais nem com a toalha nem com sua nudez maravilhosamente bela, e entregou-se às carícias possíveis naquela que era uma atmosfera um tanto quanto mórbida. Pouco faltava para que alguém dissesse “meus pêsames”.

Felipe explodiu pela primeira vez:

– Me deixa em paz, Flávia, pelo amor de Deus!

– Eu é que invoco o nome de Deus, ué!... Você não quer me dizer o que está acontecendo?...

Um “NÃO” mais audível, que soou severo, encerrou aquela primeira tentativa de comunicação.

Ela foi cuidar da sua vida, afinal tinha que se arrumar, almoçar, porque iria ao shopping encontrar algumas amigas...

O tempo passou, Flávia estava comendo, com um apetite tremendo, quando viu o marido passar por si como assombração ligeira, indo direto ao banheiro...

Ele ia voltando para o quarto quando ela o convocou:

– Vem comer, Bem, porque tá quentinho, gostoso...

Felipe girou sobre os próprios calcanhares combalidos, e, de facto, dirigiu-se à cozinha, mas preferiu uma cerveja gelada que encontrara perdida, como ele, no fundo da geladeira, esta que em geral era reservada somente aos seus convidados, porque dificilmente Felipe bebia.

– Isto vai lhe fazer mal, meu amor... – admiração, logo contornada por outra garfada feliz. – Porque você não come com sua mulherzinha?... – Desta vez a apreensão era verdadeira: – Felipe, eu sou capaz de jurar que alguma coisa não anda bem, Amor!...

– Você é até capaz de perceber alguma coisa de errado em mim, Flávia...

Felipe fora propositadamente ácido, mas não parou por aí:

– O que se torna impossível pra você é pensar que existe vida inteligente em outros planetas...

Ela não gostou:
– Pó pará! – retrucou ela algo indignada, parando de mastigar. – Só porque você acordou de mau humor, eu é que vou pagar o pato?!

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