sábado, 27 de outubro de 2012

O SENHOR DAS ÁGUAS - UNIDADE XI - CAPÍTULO 6 - PARTE 6


Mouzon passou para Felipe um pedaço de papel impresso. O futuro ex-tenente do exército desdobrou-o e leu uma cópia da daquela mensagem encaminhada a Celso Pontes pelo seu superior em código “A2”.

– Essa dona Sylvia Salgado pode ser mesmo uma bisbilhoteira de carteirinha – disse Mouzon, rindo sozinho da própria piada, e completou: – Graças a Deus!

Felipe não fez nenhum comentário logo depois de ler a mensagem. Limitou-se a fechar os olhos e abaixar a cabeça, como se quisesse imaginar cada lance de um jogo macabro. O papel continuou aberto na sua mão, balançando ao vento, correndo o risco de esvoaçar, enquanto Felipe continuava de olhos fechados.

– O Paglia fazia parte desta hierarquia? – perguntou Felipe, arrasado, tentando dominar suas emoções.

– Tudo indica que sim – retrucou Mouzon compungido.

– Realmente – volveu Felipe dorido. – Agora as coisas começam a fazer sentido...

– Eu vou precisar de você, Felipe – disse Mouzon, fitando-o intensamente. – Eu não confio em mais ninguém...

– Nós vamos atrás dos executivos da Sweetwaters?

– Ainda não – respondeu Mouzon laconicamente. – Quer dizer, não diretamente. Neste pedaço de papel já há indícios suficientes de crime, como assassinato e formação de quadrilha, o que nos permitiria entrar na Sweetwaters para investigar todos os computadores da empresa com um mandato judicial. Entretanto, se nós fizermos isso, as pessoas por trás deste “PAÍS DAS ÁGUAS” vão desaparecer. Podemos até conseguir processar os executivos da Sweetwaters, mas o maioral dentro desta hierarquia, por exemplo, o Senhor das Águas, vai apagar suas pegadas pra sempre, e nós vamos ficar como estamos agora, procurando barquinhos num horizonte infinito...

– Você vai me desculpar, Mouzon, quem sou eu pra ficar ensinando missa pro vigário, mas este papelzinho não prova nada! Qualquer um pode forjar uma merda dessa!

– Tudo bem, mas isto não invalida o fato de que qualquer barulho irá afugentar O dono da bola... Isso você concorda...?

– Por onde começamos?

– Ué! Não quer mais se suicidar?

– Não enche, Mouzon!
 
          – Vamos ali tomar um chopinho que eu explico o que nós vamos fazer...

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