OK...
Mouzon também não a
conhecia...
Certo.
Porém Felipe
ignorava que este inimigo possuía alguns tentáculos, e que o seu novo amigo acabava
de descobrir dois deles.
Felipe deixou o
hotel onde estava hospedado a três dias, em Copacabana, na zona sul do Rio. Não
deu nenhuma satisfação a Flávia para sair de casa, nem achava que precisava.
Não levara muita coisa com ele, apenas o essencial para tocar sua vida nesses
primeiros dias depois do despertar, quando, decididamente, afirmara todos os
seus valores, abrindo uma guerra declarada contra seu mundo insustentavelmente
avesso.
Flávia também não o
procurara, ferida no seu orgulho feminino. Para Felipe este nome pertencia ao passado.
Largaria o Exército,
a Marinha, a Aeronáutica! Tudo o que cheirasse a instituição solidamente
constituída, porque, no seu íntimo, queria acabar com tudo, tijolo por tijolo,
desta civilização caótica.
Mas não se enganem!
Não se tratava de
um senso de destruição alucinado, inconseqüente, demente mesmo. Não. Era a
resposta de uma mente consciente contrária a uma sociedade suicida, que
alimentava outras tantas mentes criminosas, em todos os sentidos e direções;
uma “organização” que precisava ser demolida com a inteligência de um líder
puro de coração, que tivesse a coragem necessária para revelar ao mundo que o
Rei estava nu.
Felipe não
acreditava ser ele este homem, longe disso. Mas alguém tinha que enlouquecer,
no bom sentido, e começar a cavar a estrada que amanhã serviria a todos os
demais.
Este episódio da
reserva Raposa Serra do Sol indicava o ponto ômega de todo o processo, embora,
ao mesmo tempo, significasse também que o tiriteiro que manipulava as
marionetes estava bem atento aos ventos da mudança, e trabalhava arduamente
para consolidar todo este poder de lodo e cadáveres.
Felipe não queria
saber de mais nada; acabara de morrer para este mundo dos equívocos milenares.
Ele chegou até a
praia de Copacabana...
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