Mouzon passou para
Felipe um pedaço de papel impresso. O futuro ex-tenente do exército desdobrou-o
e leu uma cópia da daquela mensagem encaminhada a Celso Pontes pelo seu
superior em código “A2”.
– Essa dona Sylvia
Salgado pode ser mesmo uma bisbilhoteira de carteirinha – disse Mouzon, rindo
sozinho da própria piada, e completou: – Graças a Deus!
Felipe não fez nenhum
comentário logo depois de ler a mensagem. Limitou-se a fechar os olhos e
abaixar a cabeça, como se quisesse imaginar cada lance de um jogo macabro. O
papel continuou aberto na sua mão, balançando ao vento, correndo o risco de
esvoaçar, enquanto Felipe continuava de olhos fechados.
– O Paglia fazia
parte desta hierarquia? – perguntou Felipe, arrasado, tentando dominar suas
emoções.
– Tudo indica que
sim – retrucou Mouzon compungido.
– Realmente –
volveu Felipe dorido. – Agora as coisas começam a fazer sentido...
– Eu vou precisar
de você, Felipe – disse Mouzon, fitando-o intensamente. – Eu não confio em mais
ninguém...
– Nós vamos atrás
dos executivos da Sweetwaters?
– Ainda não –
respondeu Mouzon laconicamente. – Quer dizer, não diretamente. Neste pedaço de
papel já há indícios suficientes de crime, como assassinato e formação de
quadrilha, o que nos permitiria entrar na Sweetwaters para investigar todos os
computadores da empresa com um mandato judicial. Entretanto, se nós fizermos
isso, as pessoas por trás deste “PAÍS DAS ÁGUAS” vão desaparecer. Podemos até
conseguir processar os executivos da Sweetwaters, mas o maioral dentro desta
hierarquia, por exemplo, o Senhor das Águas, vai apagar suas pegadas pra
sempre, e nós vamos ficar como estamos agora, procurando barquinhos num
horizonte infinito...
– Você vai me
desculpar, Mouzon, quem sou eu pra ficar ensinando missa pro vigário, mas este
papelzinho não prova nada! Qualquer um pode forjar uma merda dessa!
– Tudo bem, mas
isto não invalida o fato de que qualquer barulho irá afugentar O dono da
bola... Isso você concorda...?
– Por onde
começamos?
– Ué! Não quer mais
se suicidar?
– Não enche,
Mouzon!
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