– O quê?!...
– Ele conhece muita
gente importante. Trata-se de um jornalista engajado...
– Engajado em quê?
– Em produzir
notícias. Nós precisamos de informação; então nós vamos contar a ele mais ou
menos o que está acontecendo pra conseguir essas informações... Tá entendendo,
Felipe? Acho que sim, afinal você era um S2...
– É... – retrucou
Felipe com ânimo renovado. – Vamos ver o que esse tal de Sérgio Tavares tem pra
nos contar sobre a Sweetwaters...
– Não só sobre a
Sweetwaters, mas talvez sobre o próprio Senhor das Águas...
– Mas então você
sabe quem é ele?
– Claro que não. É
apenas um palpite. Não tenho nenhuma prova...
– Quem é o sacana,
Mouzon? Fala!
– Calma, Felipe! Se
você não puder me ajudar, é preferível ficar de longe pra não atrapalhar...
– Tá bom... Você
tem razão...
– Não sei se é um
bom negócio botar você nisso, sabe...
– Não, Mouzon... Eu
sou treinado pra isso...
– Assim é que se
fala! Lembre-se, se você pisar na bola nós estamos fo-di-dos!
– Pode confiar em
mim. Quem é o cara?
– Ildebrando Seixas
ou Osumi Tanaka – retrucou Mouzon reticente. – Arroz com feijão. Batman e
Robin. Romeu e Julieta. Tonico e Tinoco...
– É bem possível,
Mouzon – tornou Felipe depois de raciocinar um tempo. – O patife do Amarilla
deve mesmo trabalhar pra eles...
– Percebe? O
apagador de incêndios no PAÍS DAS ÁGUAS. Um, o poderoso rizicultor estabelecido
ilegalmente na reserva, dono do céu e da terra em Roraima, o outro o exportador,
o sócio...
– E a prova disto é
que o Amarilla tinha um crachá da empresa do japonês!
– Um dos dois deve ser o tal do A2, que enviou
a mensagem pro Celso Pontes, o outro o próprio “Boss”.
– Peraí, Mouzon...
– atalhou mais uma vez Felipe depois de reconsiderar. – Se nós dermos o serviço
pro jornalista, ele vai entrar de sola na Sweetwaters, aí as letrinhas vão
ficar alvoroçadas e as nossas pistas, ó...
– Que porra de
letrinhas são essas?
– A1, A2, A3, os
membros da hierarquia.
– Mas é exatamente
isso que eu quero!
– É?
– Claro, Felipe!
Veja bem. Celso Pontes e Wirna Schwarschlegell vão entrar em contato com seus
superiores. Com todos estes indícios a nosso favor, dá pra solicitar à justiça
de Roraima uma escuta telefônica na casa de Ildebrando Seixas. Aí, meu amigo,
nós o pegamos!
– É, Mouzon... Você
é mesmo um sujeito supimpa, sabia?
– Muito obrigado,
“Tenente Corrientes”...
– Tenente é o
caralho!
– Tome o meu cartão,
“Oficial”, para o caso de você ter dificuldades de encontrar o cara...
– Não precisa,
“papai”... – replicou Felipe, num misto de jocosidade, orgulho e ironia. – A
minha carteira também é quente, “meu”...
– Você está me
sacaneando só porque eu sou paulistano?
– Não... – disse
Felipe voltando a sorrir. – Sabe de uma coisa, Mouzon? Nós dois formamos uma
excelente dupla, não acha?
– Acho. Agora vamos
àquele chopinho, por favor. Estou com muita sede, “parce’ro”...
Nenhum comentário:
Postar um comentário