Os três oficiais
superiores se negaram a olhar para Felipe...
Parecia que os três
compreendiam todo o seu drama, contanto desconhecessem todas as implicações
emocionais criadas entre Felipe e Celha.
Barreiros passou a
se dirigir a Pessanha, como se não houvesse mais ninguém por ali.
– Nós vamos
empenhar todo o aparato disponível para caçar esses criminosos... Só vou
descansar quando os vir encarcerados... – o silêncio reinou por um longo
instante, depois ele falou com uma frieza calculada, talvez para não chorar ele
próprio: – O Senhor retornará ao Rio de Janeiro, Tenente Corrientes...
– Por favor,
General – disse Felipe, entre um soluço e outro. – Permita-me acompanhar de
perto as investigações dessa chacina, Senhor...
– Felipe – disse o
general, paternalmente. – Eu tenho um filho da mesma idade que a sua... Ele não
quer nada com o Exército, o safado... Eu sei perfeitamente como você está se
sentindo, o quanto representava pra você este trabalho, e, acima de tudo, como
você gostava dos seus companheiros... Major Pessanha – disse Barreiros,
categórico, tentando dar um ar grave que absolutamente não sentia, compungido
com a dor de seu oficial. – Eu quero três semanas de licença para o
Primeiro-Tenente Corrientes. Emita o pedido já.
– Sim senhor...
E lá foi o Pessanha
cumprir uma ordem que se imaginava cristã, mas que, na verdade, não lhe pareceu
simpática, como uma ferida profunda, como se o punhal do inimigo se lhe enterrasse
até o cabo em seu ventre.
– Tenente
Corrientes... – volveu Barreiros tentando parecer duro, mas que soou caricato.
– O senhor está dispensado do relatório. Isto é uma ordem.
Felipe não perdeu
tempo com uma frase decorada...
Saiu carregando toda
a dor do mundo, agora para sempre justificada, qual um Atlas escatológico, mas
que agiria com a fúria de um Agamêmnon vingativo...
A vingança, pensou
um Felipe enlouquecido pela dor, é a única forma de justiça num mundo torpe,
onde os prevaricadores e pusilânimes é que governam.
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