A cama não saíra do seu lugar; nem os
tapetes, móveis, cortinas, e o que mais fosse. Aliás, o tempo parecia ter
congelado dentro daquelas paredes lacrimejantes. Nem uma brisa sacudia as
cortinas lacradas; nem um rangido das estruturas daquela cama bem torneada,
caríssima, para constatar que ali ainda havia vida inteligente.
Tudo
escuro.
Até
a respiração supunha uma paralisia completa da carne estagnada, como o monturo
do gado locomovente, depois que a comitiva passa através de alamedas de capim
rasteiro, este sim propenso às temperaturas mais altas que se tem notícia...
No entanto, o corpo
que jazia imóvel naquela cama estática, diante da escuridão muda, ainda
refletia...
É verdade que se
tratava ainda da mesma ladainha repetitiva e quase psicótica, e que os
questionamentos giravam em círculos cada vez mais concêntricos, o que
certamente levaria a um afogamento absoluto da psique se nada fosse feito...
Mas o estopim da
revolta caberia a uma personagem quase inocente, se não fosse sua insensibilidade
absurda...
Muitas vezes, diria
seu pai com aquela sabedoria herdada das adegas espanholas espalhadas pelo Rio:
“engole-se um elefante e engasga-se com um mosquito”...
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