Que desperdício do
meu tempo eu ficar aqui à toa, olhando pra merda dessas divisórias de madeira,
quando não tenho nada pra fazer nem ninguém pra conversar, mas onde estão as
pessoas que trabalham neste escritório?...
Não acredito que
haja alguém amigo do trabalho por aqui...
Droga!
Ela desabafa,
bufando pelas lindas narinas dilatadas de uma raiva finita, porque hoje é o seu
dia, embora ainda não o saiba...
Que merda de vida é
essa qu’eu levo a minha vida toda sem nenhuma perspectiva de melhora?
Ela espuma
contrariada, maldizendo sua canhestra sorte, porém reconhecendo que não é
formada, o que não lhe permite vislumbrar horizontes melhores do que este...
Então ela ora aos
céus azuis mais uma vez...
Ai meu São Jorge!
Me dê a benção de ganhar na loteria e passar o resto da minha vida fazendo
cruzeiros pelas Ilhas Virgens...
Não é uma idéia lá
muito original...
Mas tudo vale a
pena quando a vida é pequena.
Idéias curtas nos
levam logo ali...
Porém, quando a
imaginação trabalha, o atalho não é curto.
Esta, sim, tem
qualquer coisa de sensacional! Uma vez que Sylvia Salgado estava absolutamente
apática do ponto de vista produtivo...
Mas isto não era
tudo o que se depreendia de suas palavras ocas...
Ou melhor,
pensamentos frívolos, vãos, próprios de uma mente ociosa, limitada, porquanto
nunca teve oportunidade de enxergar, embotada pela sociedade produtora de bens
de consumo Ltda...
Entretanto Sylvia
Salgado estava muito longe desses conflitos de consciência...
E, no entanto, ela
seria a peça fundamental e involuntária na virada espetacular do jogo de
sobrevivência que estava prestes a começar...
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