sexta-feira, 1 de junho de 2012

O SENHOR DAS ÁGUAS - UNIDADE X - CAPÍTULO 3


       Muito o oprimia aquele discurso cifrado, embora ela pontuasse cada palavra com uma certeza quase matemática, o que calava fundo em sua alma obnubilada...

A certeza de que somos meros observadores passivos, sem podermos modificar uma realidade massacrante, a confirmação de uma impotência atávica angustiante, deixava-o fora de si.

Mas aquele “O que você tem para nos informar, Primeiro-Tenente Corrientes?” quebrou a cadeia natural de desdobramentos que poderia levá-lo a uma síncope...

Quando estava tête-à-tête com os superiores que o enviaram ao inferno...

Apesar disso tudo, Felipe conseguiu perceber alguma ternura nas palavras do General Barreiros.

– Está tudo bem com você, filho?

O General perguntou, mas Felipe voltou a ausentar-se, porque ainda tentava mastigar cada palavra que Celha lhe dera como explicação para aquela estadia em Boa Vista...

Ou seja, nenhuma verossímil.

Que sentimento de limitação...

Você sabe que o caldeirão está prestes a ferver, e que vai sobrar pra você quando ele virar, mas que mesmo assim você continua lá, assistindo...

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