Paglia estava
justamente falando ao telefone comum depois que Felipe já deixara o quartel do
7º PEF.
Falava
descontraidamente, embora se percebesse logo de cara que seu tom de voz obedecia
a uma hierarquia muito superior a sua, que não exatamente a militar, conforme
Celha Regina percebeu assim que passou por sua sala entreaberta naquela hora
inoportuna.
Quer dizer,
inoportuna para Paglia...
– Pode deixar, A2.
Nada do que houve naquele acampamento clandestino dos traficantes pode
atrapalhar os nossos planos... Eu estou enviando o tenente Corrientes pra Boa
Vista... Eu sei que ele é perigoso, mas se for devidamente anulado, também não
poderá nos atrapalhar... O General Barreiros vai dar uma dura nele... O
delegado da polícia federal de São Paulo, sim, é muito mais perigoso do que
ele. Eu sei disso. E o Amarilla?... Porque não podemos apagá-lo?... Ele tem as
costas quentes? Quem é o chefe dele?... Você também não sabe? Deve ser o A1 o
padrinho dele... Tá bom, eu deixo ele pra lá... Tá bom, A2! Não vou ficar falando
à toa. Pode ficar tranqüilo! Não há ninguém aqui que possa decifrar isso... A
operação será mantida. Positivo... Tá bom. Deixa comigo, A2...
Paglia desligou o
telefone.
Celha Regina saiu na
ponta dos pés daquele local conspurcado. Ela tremia pelo corpo todo...
Mas, na realidade,
o que ela ouvira?
Embora houvesse
muitas expressões em código, muita coisa não fazia sentido, porquanto ela não
tivesse o livro dos segredos à mão. Mas uma coisa era certíssima! Aqueles
fragmentos não deixavam dúvida; não precisava ser o Sherlock Holmes para compreender
que tudo aquilo que ocupava o delegado da polícia federal, o tal Mouzon, o
amigo de Felipe, estava ligado ao que vinha acontecendo na Raposa Serra do Sol.
Talvez, a tal organização tivesse até um plano para eliminá-lo...
Uma pessoa deste
grupo, porém, já estava identificada...
O Comandante
Paglia.
Como ela devia proceder
daqui em diante?...
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