O que acontece quando todos os seus
sentimentos se misturam de tal maneira que se parece com um mingau onde você
não consegue mais identificar seus ingredientes básicos...
Assim
a cabeça de Felipe...
Uma
massa desnutritiva escura, esquecida na geladeira, sem função alimentar, mas
que ocupa espaço, e fede.
Felipe
pegou sua única mala com o braço bom, o direito, suspirando de desgosto...
Estava
pesada como sua consciência...
Mas
não por culpa de alguma ação irrealizada, e sim devido às coisas mal resolvidas
de sua vida...
Tudo
se juntava numa encruzilhada definitiva...
Daqui
em diante, Felipe sabia disso muito bem, não poderia continuar sem respostas, e
não se tratava apenas dos mistérios que pairavam a sua volta, mas algo que
calava bem fundo no seu coração...
Não
queria continuar com nada daquilo...
A
mentira, onde ela houvesse, queria se livrar dela como de uma doença perigosa,
contagiosa, letal...
Tudo
o que cheirasse a esta civilização equivocada deixava-o possesso, profundamente
deprimido, desesperançado...
Entretanto, como se
livrar de um mal congênito?
Só havia uma
saída...
Evitar que ele
nascesse.
Só que agora era
tarde...
O rebento desta
loucura já estava bem grandinho...
Teria de ser
suprimido...
Mas Felipe não se
julgava o homem certo para proceder a esta operação...
Nem com uma injeção
de Espírito Santo...
Ser gauche na vida
também não adiantava...
E Felipe não era
poeta; não possuía rimas, tampouco soluções.
Felipe pegou sua
mala pesada e saiu.
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