– Vou perguntar,
Lourdes... E ao Tanaka também... Ele está aqui em Boa Vista?
– Acho que sim...
Tudo isso entre uma
gansada e outra.
– Você tem o
telefone dele?
– Eu?! Porque eu
teria o telefone dele, Brando?!
– Não sei. A sua
filha deve ter...
– Não se faça de
bobo, Brando!
– Eu não me lembro
do telefone agora, bolas!
Mas Maria de
Lourdes não ouvira mais nada, porque fora atender a uma das criadas que a
solicitara...
Voltando logo em
seguida...
E comunicando ao
marido:
– Brando... – ouviu
um “o que é?” meio rouco. – Tem um moço aí querendo falar com você com
urgência... Ele pergunta se você pode recebê-lo agora...
– Um moço?! Que
moço, Lourdes?!
– Tenória me disse
que ele é da polícia...
– E o que a polícia
quer aqui, Lourdes?!
– É melhor receber
o rapaz pra saber, Ildebrando!
– Hã?!... – neste
momento os gansos chiaram uns com os outros, uma algazarra somente tolerada
porque os animais eram realmente muito queridos do grande latifundiário. – Não!...
– Lourdes ficou sem saber se a negativa correspondia a sua solicitação ou aos
gansos, o que era mais provável, pois eles ameaçavam partir para cima do seu
dono, excitados ao extremo neste momento. – Diga que eu não estou...
– O quêêêê? –
berrou Lourdes que não entendera.
– Diga que eu não
estou, Lourdes!
– Tarde demais, meu
amor. Tenória já disse que você estava em casa...
– Que caboclinha
estúpida, meu Deus! – esbravejou Ildebrando como que pensando alto.
– O quêêêê?!
– Nada, Lourdes!...
Deixe qu’eu vou receber o rapaz... – disse Ildebrando largando os gansos. – Vou
tomar um banho antes... – completou, batendo as mãos. Pó de ração esvoejou para
todos os lados. – Mande-o esperar, sim?
– Sim senhor,
Senhor Ildebrando Seixas – retrucou Maria de Lourdes com uma ironia fanfarrona.
Depois de um
banhozinho básico...
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